A vida exige de nós uma atitude proativa. Somos agricultores que recebem apenas as sementes do amanhã, precisamos aprender a plantá-las, cultivá-las, colhê-las.
Muitas vezes a acomodação com a vida que temos significa que nos acostumamos com pouco. É a adaptação aos pequenos sofrimentos diários. É fechar os olhos para as mudanças possíveis com preguiça de correr riscos. É ficar na confortável e segura rotina que criamos em vez de partir em busca de algo mais. Quem foi contaminado pelo vírus da acomodação sempre deixa para amanhã o que poderia fazer hoje.
São pessoas que evitam agir porque não querem lidar com as conseqüências de seus atos.
São pessoas que evitam decidir porque não querem perder o conforto nem a segurança que têm – mesmo que esse conforto e essa segurança sejam bastante limitados.
Elas se recusam a encarar qualquer tipo de risco, embora tenham talento de sobra para alcançar seus objetivos e serem felizes. Para evitarem o trabalho que terão ao lidar com o sofrimento desconhecido, elas se adaptam ao sofrimento conhecido.
Mesmo que não estejam passando por circunstâncias favoráveis e se sintam mal, preferem que as coisas continuem como estão a alterar sua rotina.
Assim, qualquer pequena transformação é evitada.
Cria-se uma barreira intransponível às mudanças. Procurar um novo emprego? Nem pensar! Mesmo que a oferta seja melhor e as perspectivas mais promissoras, uma pessoa acomodada não aceita mudar de emprego porque já domina as tarefas que realiza e prefere a segurança de um trabalho medíocre a correr o risco de ser feliz em outra empresa.
Uma pessoa acomodada evita conversar com o companheiro sobre suas frustrações no relacionamento com medo de provocar uma crise afetiva.
Uma pessoa acomodada prefere afastar-se de um amigo a criar coragem para conversar sobre algum aspecto que a incomoda.
Existem também as pessoas que se acomodam afetivamente.
Elas mantêm o casamento, mesmo que o amor já tenha acabado, apenas porque a separação e a busca de uma nova companhia são atitudes que demandam grande esforço.
Vivem pensando:– Para que procurar encrenca?
São míopes: diante de uma situação nova, só enxergam os problemas que poderão surgir e o trabalho que terão.
Nunca se dão conta das janelas que se abrem quando deparamos com alguma coisa nova. São pessoas que pensam da seguinte forma:
– Por que me candidatar a um cargo público se isso só traz dor de cabeça?
– Por que tentar me aproximar da mulher que amo se ela não me dá bola? – Por que estudar mais para conquistar um cargo melhor se isso não adianta nada?
Elas não percebem quanto a coragem de enfrentar esses desafios pode ser importante para sua realização. Estão distraídas, olhando a vida passar sem se dar conta do que está acontecendo ao redor. As coisas ocorrem bem debaixo de seus olhos, e elas desperdiçam seguidamente as oportunidades porque não têm coragem de ir para o tudo ou nada.
Essas pessoas precisam aprender a arriscar apesar da possibilidade de errar.
Aprender a enfrentar um desafio mesmo que pareça duro demais. Aprender a reconquistar o amor do filho ainda que para isso precisem derramar muitas lágrimas. Aprender a se impor, embora sintam as mãos geladas devido à tensão e à insegurança.
Não dá para permanecer em nosso casulo: uma lagarta precisa virar borboleta. Não acredite que, se ficar em seu casulo, você estará plenamente seguro. Ninguém está 100% seguro na vida. Ninguém está livre de sentir dor.
Ninguém pode garantir que uma mudança de emprego seja bem-sucedida. Mas, se você não se arriscar nem se expuser, jamais saberá o que poderia ter acontecido.
Você poderia ter sido feliz no amor, mas não foi. Poderia ter construído uma carreira bem-sucedida, mas não construiu.
Poderia ter feito amigos fantásticos, mas não fez.
Poderia ter voado por jardins floridos e perfumados, mas não voou. E fará coro com Sueli Costa e Abel Silva cantando Jura secreta:
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei(... )
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri
Arriscar é, portanto, preciso. Acordar para o mundo é preciso. Encante-se com as portas que se abrem à frente a cada novidade que surge em sua vida.
Não permita que a porta se feche antes que você tenha visto o que havia do outro lado. Não fique sentado esperando a morte chegar! As pessoas que ficam assim começam, depois de alguns anos, a sentir um enorme vazio no peito.
Só então saem desse estado permanente de acomodação, acordam para o mundo e constatam, decepcionadas, que não criaram nada, não arriscaram nada, não aproveitaram nada. O problema é que isso costuma acontecer tarde demais...
Não deixe a acomodação tomar conta de sua vida para não provocar, no futuro, o seguinte comentário que alguém talvez faça sobre você: “Coitado, morreu aos 18 anos, mas só foi enterrado aos 60!” Por isso, dê a si mesmo a oportunidade de aproveitar a vida e nunca a despreze! Lembre-se: quem espera desespera.
Se você perceber que está esperando a morte chegar, é hora de sair para o tudo ou nada e mostrar que seu coração ainda pulsa!
Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de 13 títulos, entre eles:
Os Segredos dos Campeões, Tudo ou Nada, Heróis de Verdade, Amar Pode Dar Certo, O Sucesso é Ser Feliz e A Carícia Essencial - Acesse o site:
www.clubedoscampeoes.com.br