Construir carreira em uma corporação grande faz parte das
metas de muita gente. O caminho para entrar em grandes empresas, no entanto,
pode ser muito mais sinuoso do que é possível imaginar. As dificuldades podem
ser ainda maiores quando falamos de multinacionais. Neste caso, além de todos
os cuidados que são necessários em grandes corporações, é preciso também
considerar a interação entre culturas diferentes.
Como lidar com CEOs estrangeiros? O que é preciso conhecer
sobre a cultura do país de origem da pessoa que vai te chefiar? Que tipo de
postura vai influenciar na construção da sua carreira? Muita gente não se dá
conta, mas não raro vagas importantes deixam de ser conquistadas por detalhes
mínimos.
Para vencer determinadas barreiras tanto no processo
seletivo quanto no início da trajetória em uma multinacional, a professora da
IBE-FGV, Rita Ritz, especialista em Desenvolvimento Organizacional e doutora em
qualidade, dá algumas orientações que podem ser extremamente úteis para evitar
tropeços no início da caminhada.
Domínio da língua
Dominar muito bem o inglês ou espanhol faz parte do óbvio,
mas em determinadas situações é preciso ir além. "Se o CEO for de outro local,
se for chinês ou coreano, por exemplo, essa profissional vai precisar fazer um
esforço maior para entender o inglês dessas pessoas, porque ele virá carregado
de sotaque. A pessoa precisa preparar-se para isso, de repente até buscar um
curso rápido de conversação para auxiliar nesta questão", aconselha.
Ouvir mais do que
falar
A especialista frisa que existe um estereótipo de que as
mulheres são mais falantes que os homens em ambientes profissionais. Ela
reforça, no entanto, que este estereótipo nem sempre é verdadeiro. O conselho
dado por ela, tanto para mulheres quanto para homens, é ouvir mais do que
falar.
Cuidado com a
proximidade
É preciso ter atenção na hora de lidar com a receptividade.
De um modo geral, a professora ressalta que a mulher tem mais facilidade para
criar uma relação mais maternal, algumas vezes dando abertura para que outras
pessoas se abram com ela para falar sobre assuntos pessoais. "Sempre
alerto para ter cuidado com essa proximidade porque ela pode ter uma leitura diferente
por pessoas de outras culturas. O indiano, por exemplo, pode interpretar essa
postura de uma forma negativa para a candidata".
Cumprimentos
Pode parecer bobagem, mas não é. Pense duas vezes antes de
dar aqueles dois beijinhos ao cumprimentar seu novo CEO ou mesmo antes de
apertar a mão dele. A questão da saudação que se faz a alguém é algo muito
variável de uma cultura para a outra. "O que para nós pode parecer uma
coisa gostosa, receptiva, para quem vem de outra cultura pode ser entendido
como falta de respeito ou má educação. Estude sobre a cultura do seu CEO para
entender a melhor maneira de cumprimenta-lo".
Discrição no primeiro
momento
Ao contrário do homem, que já se habituou à vestimenta
padrão do terno ou do blazer, a mulher tem diversas possibilidades para
vestir-se de forma elegante no trabalho. Essa variedade, no entanto, traz
também mais preocupação quanto aos detalhes em empresas com perfil mais
tradicional.
A especialista reforça que no primeiro momento é preciso que
a candidata preocupe-se em manter-se o mais discreta possível, para que o
conteúdo que tem a oferecer sobreponha-se à aparência. "É preciso fazer
uma gestão pessoal neste momento. Olhe-se no espelho antes de ir ao trabalho ou
para a entrevista e veja se há algum exagero. A pessoa não quer chamar atenção
para um detalhe em especial, mas sim para o conjunto como um todo. Ela quer que
o CEO olhe para ela e enxergue um sujeito completo e não para um detalhe, como
um batom forte ou uma roupa apertada, principalmente em outras culturas",
diz.
A professora salienta ainda que com o tempo a pessoa vai
analisando o local de trabalho e encontrando formas de vestir-se de um modo
mais confortável, mas que no primeiro momento é preciso ter atenção redobrada
quanto à aparência. "Já atendi uma pessoa que passou por várias etapas de
um processo seletivo e foi reprovada na reta final porque entrou na sala
mascando um chiclete. Não havia percebido, estava com o chiclete por nervosismo
e isso acabou prejudicando-a", exemplifica.
Ela atenta ainda para o fato de que esses cuidados com
detalhes não se restringem ao público feminino, alguns conselhos servem para
ambos os sexos. Um chaveiro, por exemplo, com o símbolo de seu time que fique à
mostra no momento de uma entrevista, pode gerar antipatia do entrevistador se
ele torcer para o time rival. Parece inacreditável, mas detalhes mínimos podem
pesar contra você dependendo do contexto. "São coisas pequenas, mas que
temos que tomar cuidado para não chegarmos dividindo. No primeiro momento, é
preciso chegar somando", finaliza a professora.
Fonte: UOL.com
Tags: Carreira.Emprego Multinacional
0 comentários:
Postar um comentário